Não se sabe direito quando ela foi construída, nem quem a construiu, não recebe padres, não tem missas, não faz parte da Arquidiocese, é a única igreja católica talvez no mundo que não tem nome de santo, mas ela resiste ao tempo, foi construída quando Maringá ainda era um distrito ensaiando para ser cidade, não era diocese e a fabulosa catedral da cidade nem tinha sido imaginada. Agora, a Igrejinha da Onça poderá ser tombada para o Patrimônio Histórico.
A possibilidade de tombamento é uma iniciativa do vereador Onivaldo Barris (PP), que apresentou ao prefeito Ulisses Maia (PSD) o argumento para que seja determinado que a Comissão Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural inicie estudos visamdo o tombamento da igrejinha de alvenaria construída na Estrada Colombo, que liga o distrito de Iguatemi a Paiçandu.
Algumas informações sobre a igrejinha já se perderam no tempo e o vereador sugere o tombamento justamente para que a história seja resgatada e o patrimônio protegido. Ao longo de sete décadas, a conservação tem sido feita pelos proprietários da fazenda e, ultimamente, pela Usina Santa Terezinha, que comprou a fazendo em que ela se localiza.
Segundo o vereador, a Igrejinha da Onça é uma das marcas da fase de colonização da região que resistiram ao tempo.
Não tem santo, mas tem milagre
Na igrejinha já foram deixados objetos e cartas de pessoas dizendo que receberam graças divinas após fazerem seus pedidos durante orações na capelinha de beira de estrada. E assim começam a nascer mitos e lendas. Aliás, a própria história que se conta da igrejinha já entrou no mundo das lendas.
Segundo moradores mais antigos da região, tudo começou na década de 1940 – outros falam que foi 1951. Homens que trabalhavam na derrubada de matas para a formação das fazendas de café estavam reunidos num final de tarde em uma venda de beira de estrada bebendo cachaça e contando causos. A noite caiu e, a certa hora, foram embora juntos porque temiam as onças que rondavam a região, mas um deles, que estava mais bêbado ou que decidiu beber mais um pouco, ficou para trás.
O trabalhador nunca chegou na cabana. Os companheiros procuraram por ele na mata e um dia acharam os sapatos dele, ainda com os pés dentro.
No local em que estavam os sapatos levantaram uma cruz, depois uma capelinha de tronco de palmito, mas não foi em homenagem ao morto e sim à onça que o comeu.